S. Lopes Coelho, O gesto da travessia e o contacto com o ritmo vital. Sobrevivências do ekstasis no cinema

Article publié le 23 juillet 2022
Pour citer cet article : , « S. Lopes Coelho, O gesto da travessia e o contacto com o ritmo vital. Sobrevivências do ekstasis no cinema  », Rhuthmos, 23 juillet 2022 [en ligne]. https://www.rhuthmos.eu/spip.php?article2871

S. Lopes Coelho, O gesto da travessia e o contacto com o ritmo vital. Sobrevivências do ekstasis no cinema, Tese de Doutoramento em Estudos Artísticos, Faculdade de Ciéncias Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Junho, 2020.


- Abstract : Esta tese aborda o entendimento do ritmo nos discursos científicos, filosóficos e artísticos a partir do final do séc. XIX, bem como o lugar do ritmo e dos seus estudos na compreensão da arte e da organização social. Tendo assumido o estatuto de intérprete geral da modernidade, o ritmo surgiu como um termo produtivo para várias disciplinas, incluindo o cinema, a partir do qual era possível compreender astransformações em curso e, simultaneamente, modelar comportamentos e implementar novas coreografias do quotidiano. Da constelação de estudos sobre o ritmo que se desenvolvem no âmago da crítica à sociedade moderna, esta tese privilegia a ritmanálise, metodologia crítica e experimental de análise do ritmo e das suas disrupções. A partir de teorizações críticas da concepção eurocêntrica de modernidade, tal como de exercícios de ritmanálise levados a cabo em Buenos Aires, procuro avançar contributos para a complexificação desta metodologia, subsumidos na designação rutmanálise. Adopto uma concepção do ritmo como a forma do movente observada no momento da sua configuração, isto é, como fluxo em constante circulação que momentaneamente se cristaliza. No mesmo sentido, desenvolvo a ideia de um ritmo vital que se configura provisoriamente em formas artísticas. Trata-se de um fluxo atemporal e sem espaço determinado que sobrevive em formas artísticas históricas, sempre de maneiras diferentes e atravessando os tempos. Esta concepção é herdeira da noção de sobrevivência (nachleben), segundo a qual determinadas fórmulas (pathosformeln) se repetem ao longo dos tempos. A partir da análise de um corpus constituído sobretudo por filmes de Chantal Akerman e de Raymonde Carasco, argumento que o ekstasis do atravessamento ritual de mundos e do contacto com o ritmo vital - estar deslocado, fora do lugar ou de si mesmo - é o pathos que as imagens portam e transportam através do gesto fundamental da travessia. Esta, por seu turno, é constituída por uma montagem de outros gestos : o gesto de abalar e o gesto de respirar.


This thesis explores the understanding of rhythm in scientific, philosophical and artistic discourses as from the end of the 19th century, as well as the place of rhythm and its studies in understanding art and social organization. Having assumed the status of a general interpreter of modernity, the notion of rhythm emerged as a productive term in various disciplines, including cinema, enabling to understand the ongoing transformations and, simultaneously, to model behaviours and to implement new everyday choreographies. Amongst the constellation of studies on rhythm developed at the core of the criticism of modern society, this thesis privileges rhythmanalysis, a critical and experimental methodology for analysing rhythm and its disruptions. Drawing upon critical theories of the Eurocentric conception of modernity, as well as upon rhythmanalysis exercises that I carried out in Buenos Aires, I seek to advance contributions to a complexification of rhythmanalysis, subsumed under the designation of rhuthmanalysis. I hereby adopt a conception of rhythm as a form in the instant that it is assumed by what is moving, i.e. as a flow in constant circulation that momentarily crystallizes. In the same sense, this thesis develops the idea of a vital rhythm that is provisionally configured in artistic forms. This flow, which is timeless and has no determined space, survives in historical forms, always in different ways and crossing times. This conception is heir to the notion of survival (nachleben), according to which some pathos formulas (pathosformeln) are repeated over time. Starting from the analysis of a corpus constituted mainly of films by Chantal Akerman and Raymonde Carasco, this thesis argues that the ekstasis - the state of being displaced - that comes from the ritual traversing of worlds and from the contact with the vital rhythm is the pathos that images bear and transport through the fundamental gesture of crossing - travessia. This, in turn, is composed by a montage of other gestures : the gesture of breathing and the gesture of commoving


URI : http://hdl.handle.net/10362/112991


Designation : Doutoramento em Estudos Artísticos - Arte e Mediações


Appears in Collections : FCSH : DCC - Teses de Doutoramento

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